Sem palavra pra começar, então vamos apenas fazer uma reflexão: O cinema brasileiro é bom! Avalie que, não é porque um filme não deu certo que todos os outros são uma M#$%. Então não me venha começar a leitura já torcendo o nariz para “O filme da minha vida”.
Ou será da sua vida?

O filme se passa na década de 1963, na serra gaúcha e é uma adaptação do livro ” Um pai de cinema”, do Antonio Skármeta. Aliás, foi o próprio autor que decidiu fazer uma adaptação brasileira da história e tendo Selton Mello como diretor. Selton, inclusive, o convenceu a fazer uma participação no filme como o dono de um bordel.
A história começa de fato quando Tony Terranova, interpretado por nada mais que Johnny Massaro (que é um dos melhores atores da sua geração), volta para Remanso (Cidade fictícia), vindo da cidade grande, e no mesmo vagão que ele veio, o pai sobe e volta para a França, sua terra natal. Inclusive, o pai dele é interpretado pelo francês mais brasileiro que existe, Vicent Cassel.
O elenco do filme é muito rico, incluindo o próprio diretor e as atrizes Bruna Linzmeyer e Bia Arante que interpretam as irmãs Luna e Petra. As duas são responsáveis pelas sensações e descoberta da sexualidade do protagonista de maneiras diferentes.
A história do filme em si não apresenta coisas extraordinárias, afinal, quantos filmes que falam de separação entre pai e filho tem no mundo? Milhares. Mas esse filme é espiritualmente e esteticamente lindo. Todos os personagens do filme são sonhadores, da prostituta ao aluno pré-adolescente, da mãe ao pai, da namorada à cunhada. Todos com seus segredos e sonhos diferentes. É um roteiro que tem muitas tiradas interessantes nos diálogos (principalmente nos que incluem o Paco, interpretado pelo Selton) e que discute o cinema dentro do cinema. Eu particularmente gosto disso!
A história exala uma certa melancolia e até uma nostalgia. É como se fosse um bálsamo no meio desse ato político cinza que andamos vivendo, é um descanso da loucura, as pessoas estão precisando disso.
A fotografia ficou por conta de Walter Carvalho, que já fotografou Carandiru, Cazuza e Getúlio. Ou seja, as imagens vem com planos fechados, close e detalhes perfeitos. A trilha é compostas por um acervo de romantismo flertando com sentimento, muita coisa garimpada. E o figurino, “ah o figurino…”, pode-se dizer que Kika Lopes sabe o que está fazendo. Vale a pena, e se ainda der tempo, assista no cinema, vale o seu dinheiro.
Pra quem ainda não sabe o Cidreira tem uma conta no Pinterest e no Spotify onde tem álbuns de fotografia e músicas de todos os filmes que são colocados aqui no Cine.
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